segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

2º Dia

Trajeto: de Roscenvalles a Cizur Menor
Saída: 8:30
Chegada: 16:30
Tempo de pedalada: 7hs
Distância: 50km
Trajeto: de Cizur Menor a Logranho
Saída: 7:40
Chegada: 20:40
Tempo de pedalada: 8:25hs
Distância: 91km
Foi o albergue mais acolhedor de todos, pois seus hospedeiros foram os que nos deram mais atenção desde a hora em que chegamos
até a hora em que saímos.

terça-feira, 15 de março de 2011


Terceiro Dia:


Pela manhã uma paisagem surreal que me tranportava para uma tela de cinema, dado a rara beleza que eu via na minha frente. A névoa ecobrindo a igreja quase milenar, erguida pelos templários e hoje administrada e mantida pelo grupo rosa da cruz de malta.

domingo, 16 de maio de 2010




Terceiro Dia, parte II: durante a trilha

O caminho de Santiago não é pouca coisa. A trilha exige muito e não tolera descuidos. Qualquer erro ou deslize, tanto para quem esta de bici quanto quem esta a pé, é tombo na certa. Ainda mais quando o terreno esta escorregadio, depois de uma noite inteira chovendo e de ter nevado dois dias antes, o terreno se torna ainda mais traiçoeiro. A paizagem a volta é surpreendente para quem vai pela primeira vez. Neve ao redor da estrada, um frio de ranguear cusco, e eu indo com a minha bike, arranhando no espanhol e me segurando nas descidas. Nesse primeiro dia São mais descidas que subidas, no meio do mato fechado, uma trilha surpreendente e de extrema dificuldade. Um carreiro que passa um por vez e bem de vagar, para que vai de bike, desce um pouco mais rápido, mas não muito por que a quantidade de pelegrinos é bastante, e a toda hora temos que ter o cuidado de não esbarrar em ninguém. Para quem vai de bike, é quase que um crime inafiançável esbarrar em um pelegrino a pé, pois o caminho é deles, e quem esta fora de localidade somos nós, os denominados "bicigrinos". Não que sejamos mal quistos, não, de maneira nenhuma, pelo contrário, fazemos parte do caminho igualmente, mas aqui o que conta é a boa educação e o bom senso, pois a preferência é sempre do mais fraco, no caso de quem vai a pé. É como se os carros andassem na calçada, os pedestres teriam a preferência. Nosso Brasil ainda vai chegar nesse ponto, de respeito e civilidade. Ainda custo acreditar que todos os carros param nas faixas de segurança, e não andam enquanto tu não passar. Pois bem, voltando a trilha, como vamos mais rápidos que os que vão a pé, sempre sinalizamos que estamos passando, seja com uma campainha na bici ou simplesmente com um "-Ola, com licença. Buen Camino" que somos logo recebidos com um cordial sorriso e o espaço nos é dado. Eles chegam a sair da trilha e esperar para que nós passemos. Mais uma vez a boa educação fala por si só. Dessa forma vamos compartilhando um solo que é de todos, de maneira sadia e socialmente integrada.
Logo nos primeiros 10km, o primeiro tombo. O primeiro de muitos, graças ao clipe no pedal, uma olhada para o lado, um descuido qualquer e la estava o Manu, estirado no chão e rindo. Caiu em uma valeta e não conseguiu retirar o pé a tempo da pedaleira. Depois que eu fui fica sabendo que havia uma semana que ele tinha colocado a pedaleira na bici, e que estava estreando o acessório direto na trilha mais difícil do CSTC (Caminho de Santiago de Compostela). Não deu nem tempo de limpar e secar o barro do primeiro tombo, minutos depois la estava ele de novo no chão e rindo novamente. Ok, seguimos em frente que temos a recém 14km. Mais algumas curvas e descidas a frente foi a minha vez. Uma pedra escondida no meio da lama me levou ao chão, dessa vez foi a minha vez de cair e rir. Era quase impossível não cair, várias pessoas a pé estavam caindo, escorregando e tomando sustos. Minutos depois passamos pelo pessoal de Maceió, pedi a benção para o Reitor das meninas e ele - "Vai com Deus meu filho", e eu fui no meu caminho deixando aquele experiente grupo de Maceió para traz. Alguns kms adiante, quem esta no chão novamente, Manu, porém essa vez não ria, e sim se queixava de muita dor no joelho. Havia caído com o joelho em cima de uma pedra escondida na lama. Ajudei-o a levantar-se e Dani chegara em seguida. Se queixou um pouco, alongou-se, e se reordenando na ordem do seu corpo, alinhou forças e seguimos a diante. Tinha pouco mais de 25kms, cerca de 3hs de caminho, e eu já podia imaginar o que mais nos esperava por diante. Muito mato, muita água, muita paz. Um som que eu jamais havia escutado antes, o silencio total mesclado com a realização de algo com que sonhamos por quase toda uma vida. Tudo parecia ter mais cor, ter mais som, ter mais cheiro, ter mais vida. O cantar dos pássaros era como uma sinfonia, podia se perfeitamente se distinguir mais de 10 cantos diferentes ao mesmo tempo, e em um sincronismo que só era quebrado pelo ranger da corrente da bicicleta ao trocar de marcha e pelas fendas abertas no barro pelo pneu que girava livre.
Quanto mais andava-se no meio da trilha, maior era a sensação de paz e conforto. Apesar do frio e do barro, era uma sensação muito agradável. A pureza do ar do bosque se acentuava com a umidade do clima, uma névoa envolvia todo o lugar deixando transparecer uma beleza inigualável. A beleza da primavera com o verde vivo dos arbustos e das folhas das árvores altas que impedia a entrada do sol, contrastando com o bucolismo das folhas marrons caídas ao chão acolchoando o solo em uma paisagem de outono.
Eram quase 5hs quando chegamos ao albergue.

quarta-feira, 12 de maio de 2010


Terceiro dia: Enfim, ganhamos o asfalto e o caminho na trilha

Trajeto: de Roscenvalles a Cizur Menor
Saída: 8:30
Chegada: 16:30
Tempo de pedalada: 7hs
Distância: 50km

Um vento frio e cortante no rosto, uma paisagem que havia visto somente em sonhos, e agora era um sonho se realizando. A emoção toma conta, e uma lágrima escorre por trás do óculos de proteção e deixa a tona todo o sentimento de conquista e alegria. Começo o caminho. São 8:30 da manhã, nosso destino esta a cerca de 50km de onde estávamos, uma cidadezinha perto de Pamplona, chamada Cizur Menor.
O local de onde saímos não exatamente do ponto onde havia programado, mas de onde Deus queria que eu começasse. Aceitei a indicação e parti para o meu destino. Neste exato momento não chovia mais. A chuva vinha e parava, a todo instante. Só o frio que não cessava, porém ia amenizando a medida que se pedalava e aumentava a temperatura do corpo. Daqui por diante, é força no pedal, segura o guidão e folego morro acima que a paisagem vai ser de incomparável.


Segundo dia parte II: encontro amigo

Depois que eu peguei o autobus em direção a Pamplona, consegui descansar um pouco. Foi uma viagem de mais ou menos 5 horas, das quais 4 eu dormi, pois na noite anterior eu havia dormido apenas cerca de 2:30. Esse translado de ónibus atrapalhou um pouco o meu horário, pois esperava chegar cedo em Pamplona, a cidade das touradas, para que eu pudesse ir logo para Roscenvalles e depois para San Jean, porém como nem tudo são rosas, acabei chegando 6 horas atrasado com o meu cronograma. A essas alturas a minha programação nas planilhas já haviam ido para o brejo. Pois bem, chegando em Pamplona, já eram quase 14hs, fui direto comprar minha passagem para Roscenvalles e, adivinhem, não havia mais lugar. Era sábado, e muita gente estava indo para la. Lugar até tinha, porém não para a bici, pois o maleiro do onibus estava lotado de bicicletas. O próximo onibus só sairia na segunda, pois domingo a linha não opera. Não havia sido só eu que tive idéia de ir de onibus, muitos antes de mim pensaram a mesma coisa e chegaram mais cedo. Novamente começa a me bater o pavor. Imaginem a cena, eu puxando a mala com rodinha, a bici encaixotada amarrada sobre a mala de rodinha (depois eu desenho para mostrar como ficou, bisarro, nem eu acreditei. Comprei dois cabos de vassoura, coloquei a caixa da bici em cima atravessada, e colei tudo com fita durex larga preso na mala, assim eu conseguia puxar a mala com a bici em cima), de chapéu campeiro, andando para la e para ca dentro da rodoviária buscando uma soluçáo, e nada. Bueno, o que ha de se fazer, vamos ter que gastar uns euros a mais e ir de taxi. Respirei fundo, preparei o bolso para a facada, pois sairia de uma passagem de onibus de 12euros para uma corrida de taxi de 60euros, e vamos embora. Eis que aparecem dois anjos tão perdidos quanto eu: Manu, de Manuel, e Dani, de Daniel. Os dois são de Barcelona e também estavam indo para Roscenvalles. Como eles tinham me visto andando para um lado e para o outro com a bici sendo puxada em uma mala, me abordaram e perguntaram se eu estava procurando condução para viagem. Eu no meu espanhol macarrónico, hablei que si, e eles sugeriram que fossemos juntos e dividíssemos o táxi. Novamente o sol voltou a se abrir e eu prontamente respondi: - si amigo, claro que si. Como eles eram de la, sabiam como proceder e qual táxi deveriam pegar. Chamaram uma vagoneta, é como eles chamam carros como a nossa Scenic. Iria demorar uma hora mais ou menos, então eles iam dar uma volta e marcamos de nos encontrar na saída da estação as 15:30. Perfeito, desci para a rodoviária para desfazer o fisco de puxar uma bici em uma caixa sobre uma mala, e fui montar-la para que pudéssemos levá-las. As deles já estavam montadas, e só faltava a minha. Desempacotei o brinquedo e comecei a montar. Estava estalando de nova. Enquanto eu montava, veio falar comigo uma Sra Francesa, curiosa querendo saber se eu ia fazer o caminho de bike. Conversamos uns 20 minutos, em inglês, e ela me contou que o seu marido estava fazendo o caminho desde San Jean, e ela esta passeando pela cidade, naquele dia ele estaria chegando a Pamplona, e ela estava aproveitando para passear, já que ela não tinha condições de fazer o caminho. Foi minha primeira conversa com alguém em ingles e uma experiência muito interessante. Desejamos buen camino um ao outro e segui para o ponto de encontro marcado. Esperei uns 15 minutos até a hora marcada, esperei mais 5 após a hora marcada, esperei mais 7, e nada, já estava me batendo novamente o pavor e estava presentindo um bolo, quando 15:40 eles apareceram. Novamente voltei a sentir o sol e ficamos ali conversando enquanto esperávamos o táxi que chegou em seguida. Como é ruim esperar (sinto que vou ser cobrado por isso). Embarcamos as bikes em um Citroen C4 dos novos, coisa muito fina, portas que se abrem automáticas e lugar especial para levar as bikes dentro do carro. Tudo pronto, tudo firme, vão bora, não. O jumento do Fabiano tinha que despachar a mala de rodinha para Santiago. La fomos nós em um shoping que tinha correio e consegui despachar a minha mala. Aproveitei e comprei um alforge para as minhas roupas, pois não havia comprado em Madrid em função do preço. Beleza, agora sim nos tocamos para o nosso destino.
Analisando melhor a minha situação, influenciado pelos espanhóis, decidi não sair de San Jean, pois o tempo estava horrível, e iria se tornar perigoso de bici e ficaria muito em cima o cronograma para a chegada em Santiago. Iríamos então sair de Roscenvalles. Isto foi acordado entre nós, que a partir daquele momento estávamos formando um grupo que iria junto percorrer os 800km do caminho. A subida para Roscenvalles é por uma serra lindíssima, tipo para Gramado, só que a paisagem ao fundo é nada menos que os picos dos Pirineus cobertos de neve, uma vista de cartão postal. Fantástico. A viagem é que não foi, pois passei mal e enjoei, acho que de emoção. Quase tive que pedir para que parasse o carro pois estava prestes a chamar o UUGHOHH. Mas passou minutos depois que chegamos. Os dois entendendo o meu sofrer estomacal, não perderam a chance de se arriar, e me chamaram de marinheiro de primeira viagem e que eu estava mariado. Descemos as bicis do carro, vislumbrei a beleza do lugar, blocos de neve nos cantos da igreja e na beira das estrada, algo mui guapo. Só depois de uns vinte minutos é que eu fui me dar conta que eu estava com frio, pois aquele bater de queixo e a tremedeira nas pernas eram nada menos que o frio de 2graus. Coloquei minha jaqueta e fui buscar minha credencial de peregrino.

Com a credencial na mão, fui encaminhado para o alojamento dos peregrinos, que ficava abaixo da igreja, e eram containers-alojamento, daqueles que se colocam cama dentro. Boa estrutura, com ar-condicionado e tudo. Só o banheiro que era fora, em outro container. Para a minha surpresa, os espanhóis já tinha reservado uma cama para mim no mesmo container deles, cabiam 8 pessoas em cada container. Depois da missa dos peregrinos, fui me acomodar no alojamento, eram já 8hs, e o pessoal costuma dormir super cedo pois o caminho é exaustante e necessita de descanso. Quando já estou na minha cama, entra o restante do grupo do container, um pessoal de Recife, um senhor e 3 senhoras, estavam acabados pois haviam começado a caminhar em San Jean, sendo que uma do grupo já havia desistido no primeiro trecho. Eles disseram que ela não estava muito a fim mesmo de fazer o caminho, e que queria mais era passear e ao se defrontar com as dificuldades do percurso, arrepiou. Na manhã seguinte, chuva. E adivinhem quem esqueceu de comprar capa de chuva? Quem? Quem? Raimundo Nonato. Não, Fabiano Balbinot. Pois é, sem capa, com chuva, me restou apenas um -puta que pariu, esqueci da capa. Nisso uma das sras de Recife olhou para mim e disse com aquele sotaque típico:
- Menino, você não trouxe capa, foi? Não se preocupe, eu tenho uma aqui sobrando, tome fique para vocês.
Quem disse que anjos não existem? O sol votava novamente a brilhar para mim. Minutos depois ouço os reclames da mesma senhora, reclamando que não tinha meias secas para usar, que as duas que ela tinha trazido estavam molhadas, e ela já estava com frieira de ter os pés molhados, e eu prontamente, graças a minha esposa, lhe disse:
- Não se preocupe, eu tenho meias sobrando. Minha esposa me mandou 5 pares de meias, e pode pegar essa para você, pois é nova.
Dessa forma cambiamos uma capa de chuva por um par de meias. O que falta para um, sobra para os outros.
Depois do bric de meias por capa de chuva, depois de tudo pronto, fomos ver as bicicletas, e ainda bem que eu me lembrei de revisara minha bike, pois havia esquecido de apertar os pés de vela, ou pedais. Consegui chave emprestado com outro biker que estava no container ao lado, e terminei de ajustar minha bike. A essa altura os dois espanhóis ja tinham saído do container, e estavam me esperando na subida que levava a estrada.
E era apenas a saída para o primeiro dia de caminhada-pedalada.

sábado, 8 de maio de 2010

Segundo dia: indo em direçáo ao lugar de saída

5:30 da manhá: sou acordado pelo telefone do hotel me chamando para o café. Precisava ir cedo pois o meu trem saía as 7:30, como era um pouco longe, achei prudente me antecipar. Porém como prudência náo faz muito parte do meu ser, e quando ela age no meu corpo, é por que algo náo vai sair muito bem. Pois bem, chei a tempo na estaçáo, peguei um táxi, cheguei bem no horário, quando fui embarcar, TCHAM, TCHAM,.. TCHAM TCHAM, - "no se puede embarcar la bici", foi o que eu ouvi do condutor. Entáo vamos fazer o que eu sei de melhor, correr. Consegui pegar o onibus e fui de autobus. Por hoje era só, pois o tempo esta se acabando. Até a próxima.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Primeiro dia: Chegando e se desenrolando

Começa aqui a narração de uma caminhada de reencontro interior (assim mesmo como se le nos livros) porém dessa vez eu vou fazer parte desse elenco como um dos protagonistas.

Agradeços aqui direto o apoio de quem faz isso acontecer, não no final, mas no começo.
Ao meu pai Luis e meu irmão Juliano, que vão segurar as pontas la nos negócios, só posso estar aqui por que conto com eles no apoio dessa jornada.
Ao Douglas que fizemos um treinamento intesivo para que ele possa dar suporte nas empresas que atendemos.
A Falcomp Informática que esta patrocinando essa jornada ímpar na minha vida.
E ao meu chefe, que me liberou para essa jornada. (eu mesmo)

10:45 - Depois de 3 horas de atraso em um voo da companhia AirChina, presos no aeroporto de Guarulhos por causa de problemas mecânicos. Calculem agora a quantidade de suspiros e a expressão de quase 120 passageiros quando a comissária de bordo anunciou que nós estávamos no solo a mais de uma hora e não poderíamos decolar por causa de uma pane mecânica, mas que eles iriam fazer o possível para amenizar o problema e facilitar a decolagem. Essa foi a primeira vez que eu pensei, será que vale a pena mesmo isso? Bom, como não tinha volta mesmo, respira fundo junto com outras 119 pessoas, tenha fé e vamos. Eles serviram a janta, serviram sobremesa e nada do avião ser liberado. Depois de ter cochilado uma série de vezes, e de ser acordado por um bebe chinez que chorava ao meu lado a cada 20 minutos por conta de sua mãe muito louca, pois cada vez que o bebe se mexia, ela tentava nina-lo de uma maneira muito louca, dando uns tapinhas nas costas e chacoalhando-o de uma forma que não se brinca nem com cachorro. Finalmente nós entramos em operação de decolagem. Ufa,..vamos partir com o problema amenizado ou solucionado? Fiquei com essa dúvida, mas como a aeronave não apresentou mais problemas, tentei dormir de novo. Eis quando eu olho para o lado, e a mãe chinesa louca, coloca o bebe deitado no banco e ela senta no chão e dorme abraçada ao bebe e debruçada no banco. Dormiu a viagem enteira assim. Fiquei em choque, mas como são chineses, deve ser normal. 10:30 minutos tocamos o solo da Espanha em Madrid. O bebe continuava a chorar e eu tentava pensar em outra coisa, por que aquela altura do campeonatato, depois de 10 horas seguidas ao meu lado, parecia que fazia parte do motor.

12:20 eu ja estava na porta do hotel fazendo o meu checkin. Só para lembrar, eu estava caminhando desde as 10:50 quando saí do avião, isto é, 1 hora do aeroporto ao hotel, pois o aeroporto tem mais de 1km para se caminhar, e o hotel ficava cerca de 600mts do aeroporto, mas como eu não conseguia achar a saída do aeroporto, eu caminhei cerca de 6km carregando a bagagem, pois em uma das vezes que eu consegui sair do aeroporto, eu achei que estava errado e voltei tudo. Ledo engano, eu estava certo e tive que voltar tudo de novo. Mais as 3 idas ao centro de informações para perguntar isso, aquilo e mais umas coisas que eu não me lembro e acho que nem farão falta. Consegui comprar nessas idas e vindas a minha passagem de trem. Mas problema maior foi que o raio do hotel que eu peguei, o Ibis, não tem convênio de transaldo com o aeroporto, táxi nenhum queria me levar por menos de 20euros, a corrida mínima é esse valor, e o hotel ficava entre duas paradas, não adiantava ir de ônibus. Outro detalhe que me chamou a atenção foi que eles não tem calçada. Tive que caminhar em uma via movimentada em um acostamento de menos de 50cm, com os carros ja quase esfregando na minha mala. Enfim consegui chegar no hotel, quase 1hora e 20 após aportar. Quando cheguei la eu li na passagem do trem que eles não carregavam bagagem maior que 250mm, isto é, 25cm. Bateu-me o maior dos pavores, quase tão grande quanto o do avião, pois eu ja tinha comprado R$ 280,00 de passagem de trem e a vaca da atendente não me disse que a bicicleta que eu falei para ela que eu ia levar, não poderia embarcar. O que eu fiz, voltei a pé para o aeroporto para resolver o caso. Dessa vez, como ja tinha analizado a situação de cima de um morro, consegui pegar um atalho e chegar no aeroporto por um caminho mais seguro e menor, esse sim, somente 500mts, cerca de 12min de caminhada. Chegando la, ela me mostrou que a bagagem não podia ter tamanho maior do que 250cm, e não mm, isto é, dois metros e meio. Logo, minha bike podia ir tranquilamente. Assim espero. Voltei ao hotel, e algo me encomodava, ja eram cerca de 15:30, foi quando eu percebi que eu não comia nada desde as 8hs. Era fome, e essa acumulada desde o dia anterior, pois na janta foi servido miudos de monstro com arroz e pimenta, abacaxi e mamão. O que salvou foi um mini pãozinho de hamburguer. No café da manhã tinha duas opções, massa ou omelete, fui no omelete, poi olhei para o prato do colega ao lado que pegou massa, e ela parecia se mexer, achei melhor não arriscar. Ciente da minha necessidade fisiológica, decidi comer bolacha, um salgadinho e rosquetes que minha rica mãe preparou para mim. Foi um almoço dos sublime, pois a fome era muita. Lembrando que no dia anterior, minha querida esposa quase não me deixou almoçar para que eu não me atrasasse. Foi bom assim, dessa forma eu me acostumo mais rápido às dificuldades do caminho.

16:30 saí em busca da minha tão sonhada bicicleta com freios a disco e suspensão. Me bateu o pavor pela terceira vez, pois com as informações que tinham me passado no aeroporto, eu não conseguia reconhecer nada nos lugares que eu ia andando. O negócio foi atacar a cada pessoa que passava e perguntar: "- Ei amigo, como se ace para chegar em metro?". Consegui, depois de umas quantas vira daqui, vai até la, volta, achei a entrada do metro. Entrei, saquei meu bilhete, e embarquei. Algo muito bacana, até o momento que dizia que eu tinha que trocar de nível de trem, fazer integração de trem. O pavor me bateu pela quarta vez, pois tudo era igual para todos os lados e o que me sobrava era: "- Ei amigo, como se ace para chegar em tal estação?". Finalmente, sem quase me perder, achei a estação e desembarquei no lugar correto. Achei a loja da bike e fui tomado de uma alegria que o atendente da loja ou achou que eu era viado ou retardado, não tinha outro adjetivo para me qualificar. Enfim, não sabendo quem fedia mais, eu ou o atendente, porque aquelas alturas eu ja estava com mais de 15kms nas costas, e o desodorante estava no corpinho a mais de 36hs, calculem o budum que estava. 1 hora e 30minutos depois estava sentado na bicicleta que ia me levar pelo caminho mágico de Santiago, estava alucinado, e andava como um garoto pelas ruas de Madrid, de calça jeans, sapatilha de ciclismo e uma mochila nas costas. Eis novamente que a realidade assola a minha pessoa, e eu tenho que voltar até a loja de bike para que os caras da loja colocassem a bendita bike novamente na caixa para que eu pudesse tranporta-la no trem. Agora calculem novamente eu nas ruas de Madrid carregando uma bicicleta em uma caixa de 1,5mts por 0,8mts com quase 15kg e uma mochila nas costas. Essa cena me remete ao passado, quando eu era sacoleiro do Paraguai. Nooossa, quanta evolução, de sacoleiro a peregrino. Os produtos são outros, o lugar também, só a porra da dor nas costas e o incomodo de levar um produto quase incarregável é que não mudaram. Veio-me novamente o pensamento: "O que que eu estou fazendo aqui?" Mas ja dizia um grande amigo meu: "A dor passa, a glória fica" (ps: com a sua permissão Alonso, modifiquei um pouquinho a frase) . Faltava apenas comprar um Memorystick para a máquina, pois o que eu trouxe é muito pequeno (obrigado pela máquina Mi). Pensei, estou perto de um shoping, acho que vou até o hotel, largo a bike, tomo um banho bem tranquilo e depois volto aqui no shoping.
Grande erro... a esta altura eu não estava mais pensando, e nunca que eu ia chegar ao shoping naquele horário, pois ja eram 20:30 quando eu cheguei no quarto, mas mesmo assim eu fui, vai que da. Merda,.. não deu. Estava no meio do caminho quando me dei por conta que ja eram 22hs, tive que voltar, e novamente a sensação de se estar sendo comido por dentro voltou. A sorte foi que eu passei pela frente de um BurguerKing, e entrei sem exitar. Não me lembro ao certo o que eu pedi, só me lembro que foi pouco. Tinha até cebola, mas naquela altura, parecia morango. Engoli tudo com uma voracidade de ogro, que eu fiquei com vontade de colocar ketchup, mas o cansaço era tanto, que eu me contive em apenas olhar para o ketchup e não usa-lo para não me desgastar muito. Depois dessa janta, posso contabilizar no dia de hoje, uma peregrinação com certeza de 21km, meio maratona para os íntimos. Dia vencido, indicadores em alta, consegui terminar quase tudo, depois de um dia turbulento. Faltou só o MS, que espero conseguir em Pamplona.

Hoje terminamos essa transmissão, são 00:14 em Madrid, e o sono começa a pegar. Amanhã começo o dia as 6 da matina, pois o trem sai da estação as 7:30hs rumo ao início da caminhada.
Bj a todos e até o próximo contato.