sexta-feira, 7 de maio de 2010

Primeiro dia: Chegando e se desenrolando

Começa aqui a narração de uma caminhada de reencontro interior (assim mesmo como se le nos livros) porém dessa vez eu vou fazer parte desse elenco como um dos protagonistas.

Agradeços aqui direto o apoio de quem faz isso acontecer, não no final, mas no começo.
Ao meu pai Luis e meu irmão Juliano, que vão segurar as pontas la nos negócios, só posso estar aqui por que conto com eles no apoio dessa jornada.
Ao Douglas que fizemos um treinamento intesivo para que ele possa dar suporte nas empresas que atendemos.
A Falcomp Informática que esta patrocinando essa jornada ímpar na minha vida.
E ao meu chefe, que me liberou para essa jornada. (eu mesmo)

10:45 - Depois de 3 horas de atraso em um voo da companhia AirChina, presos no aeroporto de Guarulhos por causa de problemas mecânicos. Calculem agora a quantidade de suspiros e a expressão de quase 120 passageiros quando a comissária de bordo anunciou que nós estávamos no solo a mais de uma hora e não poderíamos decolar por causa de uma pane mecânica, mas que eles iriam fazer o possível para amenizar o problema e facilitar a decolagem. Essa foi a primeira vez que eu pensei, será que vale a pena mesmo isso? Bom, como não tinha volta mesmo, respira fundo junto com outras 119 pessoas, tenha fé e vamos. Eles serviram a janta, serviram sobremesa e nada do avião ser liberado. Depois de ter cochilado uma série de vezes, e de ser acordado por um bebe chinez que chorava ao meu lado a cada 20 minutos por conta de sua mãe muito louca, pois cada vez que o bebe se mexia, ela tentava nina-lo de uma maneira muito louca, dando uns tapinhas nas costas e chacoalhando-o de uma forma que não se brinca nem com cachorro. Finalmente nós entramos em operação de decolagem. Ufa,..vamos partir com o problema amenizado ou solucionado? Fiquei com essa dúvida, mas como a aeronave não apresentou mais problemas, tentei dormir de novo. Eis quando eu olho para o lado, e a mãe chinesa louca, coloca o bebe deitado no banco e ela senta no chão e dorme abraçada ao bebe e debruçada no banco. Dormiu a viagem enteira assim. Fiquei em choque, mas como são chineses, deve ser normal. 10:30 minutos tocamos o solo da Espanha em Madrid. O bebe continuava a chorar e eu tentava pensar em outra coisa, por que aquela altura do campeonatato, depois de 10 horas seguidas ao meu lado, parecia que fazia parte do motor.

12:20 eu ja estava na porta do hotel fazendo o meu checkin. Só para lembrar, eu estava caminhando desde as 10:50 quando saí do avião, isto é, 1 hora do aeroporto ao hotel, pois o aeroporto tem mais de 1km para se caminhar, e o hotel ficava cerca de 600mts do aeroporto, mas como eu não conseguia achar a saída do aeroporto, eu caminhei cerca de 6km carregando a bagagem, pois em uma das vezes que eu consegui sair do aeroporto, eu achei que estava errado e voltei tudo. Ledo engano, eu estava certo e tive que voltar tudo de novo. Mais as 3 idas ao centro de informações para perguntar isso, aquilo e mais umas coisas que eu não me lembro e acho que nem farão falta. Consegui comprar nessas idas e vindas a minha passagem de trem. Mas problema maior foi que o raio do hotel que eu peguei, o Ibis, não tem convênio de transaldo com o aeroporto, táxi nenhum queria me levar por menos de 20euros, a corrida mínima é esse valor, e o hotel ficava entre duas paradas, não adiantava ir de ônibus. Outro detalhe que me chamou a atenção foi que eles não tem calçada. Tive que caminhar em uma via movimentada em um acostamento de menos de 50cm, com os carros ja quase esfregando na minha mala. Enfim consegui chegar no hotel, quase 1hora e 20 após aportar. Quando cheguei la eu li na passagem do trem que eles não carregavam bagagem maior que 250mm, isto é, 25cm. Bateu-me o maior dos pavores, quase tão grande quanto o do avião, pois eu ja tinha comprado R$ 280,00 de passagem de trem e a vaca da atendente não me disse que a bicicleta que eu falei para ela que eu ia levar, não poderia embarcar. O que eu fiz, voltei a pé para o aeroporto para resolver o caso. Dessa vez, como ja tinha analizado a situação de cima de um morro, consegui pegar um atalho e chegar no aeroporto por um caminho mais seguro e menor, esse sim, somente 500mts, cerca de 12min de caminhada. Chegando la, ela me mostrou que a bagagem não podia ter tamanho maior do que 250cm, e não mm, isto é, dois metros e meio. Logo, minha bike podia ir tranquilamente. Assim espero. Voltei ao hotel, e algo me encomodava, ja eram cerca de 15:30, foi quando eu percebi que eu não comia nada desde as 8hs. Era fome, e essa acumulada desde o dia anterior, pois na janta foi servido miudos de monstro com arroz e pimenta, abacaxi e mamão. O que salvou foi um mini pãozinho de hamburguer. No café da manhã tinha duas opções, massa ou omelete, fui no omelete, poi olhei para o prato do colega ao lado que pegou massa, e ela parecia se mexer, achei melhor não arriscar. Ciente da minha necessidade fisiológica, decidi comer bolacha, um salgadinho e rosquetes que minha rica mãe preparou para mim. Foi um almoço dos sublime, pois a fome era muita. Lembrando que no dia anterior, minha querida esposa quase não me deixou almoçar para que eu não me atrasasse. Foi bom assim, dessa forma eu me acostumo mais rápido às dificuldades do caminho.

16:30 saí em busca da minha tão sonhada bicicleta com freios a disco e suspensão. Me bateu o pavor pela terceira vez, pois com as informações que tinham me passado no aeroporto, eu não conseguia reconhecer nada nos lugares que eu ia andando. O negócio foi atacar a cada pessoa que passava e perguntar: "- Ei amigo, como se ace para chegar em metro?". Consegui, depois de umas quantas vira daqui, vai até la, volta, achei a entrada do metro. Entrei, saquei meu bilhete, e embarquei. Algo muito bacana, até o momento que dizia que eu tinha que trocar de nível de trem, fazer integração de trem. O pavor me bateu pela quarta vez, pois tudo era igual para todos os lados e o que me sobrava era: "- Ei amigo, como se ace para chegar em tal estação?". Finalmente, sem quase me perder, achei a estação e desembarquei no lugar correto. Achei a loja da bike e fui tomado de uma alegria que o atendente da loja ou achou que eu era viado ou retardado, não tinha outro adjetivo para me qualificar. Enfim, não sabendo quem fedia mais, eu ou o atendente, porque aquelas alturas eu ja estava com mais de 15kms nas costas, e o desodorante estava no corpinho a mais de 36hs, calculem o budum que estava. 1 hora e 30minutos depois estava sentado na bicicleta que ia me levar pelo caminho mágico de Santiago, estava alucinado, e andava como um garoto pelas ruas de Madrid, de calça jeans, sapatilha de ciclismo e uma mochila nas costas. Eis novamente que a realidade assola a minha pessoa, e eu tenho que voltar até a loja de bike para que os caras da loja colocassem a bendita bike novamente na caixa para que eu pudesse tranporta-la no trem. Agora calculem novamente eu nas ruas de Madrid carregando uma bicicleta em uma caixa de 1,5mts por 0,8mts com quase 15kg e uma mochila nas costas. Essa cena me remete ao passado, quando eu era sacoleiro do Paraguai. Nooossa, quanta evolução, de sacoleiro a peregrino. Os produtos são outros, o lugar também, só a porra da dor nas costas e o incomodo de levar um produto quase incarregável é que não mudaram. Veio-me novamente o pensamento: "O que que eu estou fazendo aqui?" Mas ja dizia um grande amigo meu: "A dor passa, a glória fica" (ps: com a sua permissão Alonso, modifiquei um pouquinho a frase) . Faltava apenas comprar um Memorystick para a máquina, pois o que eu trouxe é muito pequeno (obrigado pela máquina Mi). Pensei, estou perto de um shoping, acho que vou até o hotel, largo a bike, tomo um banho bem tranquilo e depois volto aqui no shoping.
Grande erro... a esta altura eu não estava mais pensando, e nunca que eu ia chegar ao shoping naquele horário, pois ja eram 20:30 quando eu cheguei no quarto, mas mesmo assim eu fui, vai que da. Merda,.. não deu. Estava no meio do caminho quando me dei por conta que ja eram 22hs, tive que voltar, e novamente a sensação de se estar sendo comido por dentro voltou. A sorte foi que eu passei pela frente de um BurguerKing, e entrei sem exitar. Não me lembro ao certo o que eu pedi, só me lembro que foi pouco. Tinha até cebola, mas naquela altura, parecia morango. Engoli tudo com uma voracidade de ogro, que eu fiquei com vontade de colocar ketchup, mas o cansaço era tanto, que eu me contive em apenas olhar para o ketchup e não usa-lo para não me desgastar muito. Depois dessa janta, posso contabilizar no dia de hoje, uma peregrinação com certeza de 21km, meio maratona para os íntimos. Dia vencido, indicadores em alta, consegui terminar quase tudo, depois de um dia turbulento. Faltou só o MS, que espero conseguir em Pamplona.

Hoje terminamos essa transmissão, são 00:14 em Madrid, e o sono começa a pegar. Amanhã começo o dia as 6 da matina, pois o trem sai da estação as 7:30hs rumo ao início da caminhada.
Bj a todos e até o próximo contato.

2 comentários:

  1. Cara, que viagem... Chineses não se preocupa, eles são assim mesmo, ainda bem que tu não viu la trocando a fralda, não explicarei pq é nojento...
    E sobre a caminhada de 21km, pra ti, acho que não é nada, o bom é se ir acostumando, que vai piorando cada dia que passa!
    To muito feliz em saber que chegou bem e que conseguiu a Bike sem problemas, to torcendo muito por ti... Tira fotos e grava videos para vermos depois! E sobre a frase: A dor passa, e fica a glória, vai se encaixar muito bem, pois vai ser uma grande história para contar aos netos!!!

    Um abraço, e te cuida! Volte inteiro!!!

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  2. Cunhado!!
    Estou muito feliz por ti!!!! Dei muita risada com o texto, excelente.
    O Alonso está aqui comigo e tb riu do texto, estamos todos aqui pensando positivo...
    Saudade... e estou louca para ver as fotos e vídeos!
    Beijos
    Milene

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